Entendendo a retinopatia diabética
A retinopatia diabética é uma complicação microvascular do diabetes que afeta os vasos da retina. Pode evoluir de forma silenciosa e, sem tratamento, levar à perda parcial ou total da visão. A boa notícia é que existe prevenção e tratamento eficaz quando diagnosticada precocemente.
Quem está em risco?
- Todas as pessoas com diabetes mellitus (tipo 1 e tipo 2) estão em risco.
- Quanto maior o tempo de diagnóstico de diabetes, maior o risco.
- Controle glicêmico inadequado, pressão arterial elevada e dislipidemia aumentam a chance de retinopatia.
Como prevenir — medidas essenciais
- Controle rigoroso da glicemia
- Meta individualizada: A hemoglobina glicada (HbA1c) deve ser discutida com seu endocrinologista; metas mais próximas de valores normais reduzem risco.
- Controle da pressão arterial
- Hipertensão mal controlada acelera lesões retinianas. Monitorar e tratar conforme orientações médicas.
- Tratamento das dislipidemias
- Colesterol e triglicerídeos elevados podem agravar o quadro; manejo com dieta e, se indicado, medicamentos.
- Exames oftalmológicos regulares
- Recomendações gerais (podem ser adaptadas pelo especialista):
- Diabetes tipo 1: primeiro exame ocular dentro de 5 anos do diagnóstico (se adulto), depois anual.
- Diabetes tipo 2: exame ocular no momento do diagnóstico e, depois, anual.
- Gestantes com diabetes: acompanhar mais de perto durante a gravidez.
- Evitar tabagismo e promover atividade física
- Fatores de estilo de vida também influenciam a microcirculação retiniana.
Exames utilizados no rastreamento
- Fundo de olho com pupila dilatada
- Retinografia e/ou fotos do fundo de olho
- Tomografia de coerência óptica (OCT) — para edema macular
- OCT-A (OCT angiografia) — fornece imagens dos vasos retinianos sem contraste
- Angiografia fluoresceínica — usada quando necessário para mapear vazamentos e isquemia
Quando tratar e quais são as opções
- Nem todo paciente com retinopatia precisa de tratamento imediato; muitos casos iniciais são apenas observados com controle.
- Indicações mais comuns para tratamento:
- Edema macular clinicamente significativo (pode causar perda de visão central)
- Retinopatia proliferativa (neovasos que sangram)
Tratamentos disponíveis:
- Injeções intravítreas (anti-VEGF)
- Utilizadas para reduzir edema macular e melhorar a visão em muitos casos.
- Fotocoagulação a laser
- Ainda utilizada em retinopatia proliferativa e em certos tipos de edema.
- Vitrectomia
- Indicada em complicações como hemorragia vítrea persistente ou tração vítreo-retiniana que ameaça a macula.
Sinais que merecem procura imediata
- Aumento súbito de moscas volantes
- Manchas escuras ou sombra no campo visual
- Perda súbita ou progressiva da visão
Papel da equipe multidisciplinar
- O manejo ideal envolve endocrinologista, cardiologista (se necessário) e oftalmologista. O controle sistêmico reduz a progressão da retinopatia.
Mensagem final
Com prevenção, rastreamento e tratamento adequados, a maior parte das perdas visuais por retinopatia diabética é evitável. Não espere sintomas para fazer o exame: exames regulares salvam visão.
Dr. Geraldo Filho - CRM-GO 21297
